Quiropraxia e Fisioterapia Manipulativa Cervical: Há Risco no Procedimento para o Paciente?
O tratamento via terapia manual é estabelecido e reconhecido em todo o mundo como uma possibilidade terapêutica efetiva e segura, sempre que bem aplicada e nas condições clínicas que justificam sua utilização. Contudo, quando se fala nos possíveis riscos que a terapia manual pode levar ao paciente, especialmente as técnicas manipulativas, um dos assuntos mais abordados é o risco vascular que as técnicas podem promover na coluna cervical dos pacientes.
Os índices de lesão, embora baixíssimos, precisam sempre ser levados em consideração pelo fisioterapeuta e pelo paciente que procura sua ajuda e orientação.
Embora anteriormente se achasse uma correlação positiva entre a manipulação (técnica de alta velocidade e baixa amplitude) e lesões vasculares cervicais, uma pesquisa recente (2008) demonstrou o contrário. Através da análise retrospectiva desses casos verificou-se que a incidência desse evento em pacientes que fazem tratamento com quiropraxia não é maior do que na população de pacientes que se trata indo a um médico (profissional da saúde que, via de regra, não utiliza a manipulação articular como recurso de tratamento). Esses dados abrangeram principalmente a população com idade inferior a 45 anos de idade. Há ainda pesquisadores atribuindo um risco de efeitos colaterais importantes de 0,05 a 1,46 caso para cada 10 milhões de tratamentos realizados.(1)
Para avaliar possíveis casos de lesão vascular após técnicas manipulativas cervicais em uma população de pacientes com 66 a 99 anos de idade, quiropraxistas e médicos americanos publicaram em 2014 um levantamento realizado no sistema de saúde dos EUA, analisando mais de três anos de atendimentos registrados, avaliando mais de 1 milhão de pacientes que visitaram médicos e quiropraxistas para o tratamento de queixas de dor cervical. Os dados desse levantamento indicam que pacientes com 66 a 99 anos de idade, que procuram tratamento médico ou quiropráxico para dor cervical, tem o mesmo risco de desenvolverem algum tipo de lesão vascular.(1)
Ainda que o risco de lesão vascular conforme os dados analisados seja muito pequeno, o fisioterapeuta que atua com terapia manual precisa sempre informar seu paciente sobre os procedimentos realizados, as diferentes formas de tratamento disponíveis e realizar em sua consulta inicial testes físicos específicos e a coleta do histórico clínico do paciente, de forma a minimizar ao máximo o risco de qualquer efeito colateral ao tratamento.
Pensando nisso, a Federação Internacional dos Fisioterapeutas Ortopédicos Manipulativos (IFOMPT) publica desde 2008 um consenso que revisa as pesquisas de qualidade e sugere critérios a serem seguidos pelos fisioterapeutas, com o objetivo de analisar o risco X benefício das técnicas manuais na coluna cervical. Dentre alguns dos critérios sugeridos em 2014 pela IFOMPT(2) a serem avaliados, afora os testes ortopédicos convencionais e o teste de posição pré-manipulativa, sugere-se que o fisioterapeuta analise e respalde sua escolha terapêutica considerando também a clínica do paciente. Os fatores a seguir devem ser considerados como risco à terapia manual cervical: hipertensão arterial; piora progressiva da função neurológica; quadros dolorosos que não melhoram com nenhuma intervenção ou medicamento e não parecem ter mecanismo causal mecânico; trauma recente, desordens congênitas do colágeno e possibilidade de instabilidade ligamentar; exame neurológico periférico e central; e a palpação das artérias carótidas sugestiva de alteração no local.
Embora clinicamente não seja possível diferenciar com eficácia plena alterações neuromusculoesqueléticas de disfunções vasculares em fase inicial, essa abordagem permite uma avaliação mais completa do paciente e sua disfunção, bem como uma escolha terapêutica mais fundamentada e segura em seu tratamento. Dessa forma, menores serão os riscos dos já difíceis efeitos colaterais da manipulação articular na coluna cervical.
Acesse:
Dr. Diego Diehl - Núcleo Physion Porto Alegre
Fisioterapia • Acupuntura • Quiropraxia
Fisioterapeuta, CREFITO-5: 74.834-F
1- Whedon JM et al. Risk of Stroke After Chiropractic Spinal Manipulation in Medicare B Beneficiaries Aged 66 to 99 Years With Neck Pain. J Manipulative Physiol Ther . 2015;38:93-101.
2- Rushton A et al. International framework for examination of the cervi cal region for potential of Cervical Arterial Dysfunction prior to Orthopaedic Manual Therapy intervention. Man. Ther. 2014;19:222-228.
Os índices de lesão, embora baixíssimos, precisam sempre ser levados em consideração pelo fisioterapeuta e pelo paciente que procura sua ajuda e orientação.
Embora anteriormente se achasse uma correlação positiva entre a manipulação (técnica de alta velocidade e baixa amplitude) e lesões vasculares cervicais, uma pesquisa recente (2008) demonstrou o contrário. Através da análise retrospectiva desses casos verificou-se que a incidência desse evento em pacientes que fazem tratamento com quiropraxia não é maior do que na população de pacientes que se trata indo a um médico (profissional da saúde que, via de regra, não utiliza a manipulação articular como recurso de tratamento). Esses dados abrangeram principalmente a população com idade inferior a 45 anos de idade. Há ainda pesquisadores atribuindo um risco de efeitos colaterais importantes de 0,05 a 1,46 caso para cada 10 milhões de tratamentos realizados.(1)
Para avaliar possíveis casos de lesão vascular após técnicas manipulativas cervicais em uma população de pacientes com 66 a 99 anos de idade, quiropraxistas e médicos americanos publicaram em 2014 um levantamento realizado no sistema de saúde dos EUA, analisando mais de três anos de atendimentos registrados, avaliando mais de 1 milhão de pacientes que visitaram médicos e quiropraxistas para o tratamento de queixas de dor cervical. Os dados desse levantamento indicam que pacientes com 66 a 99 anos de idade, que procuram tratamento médico ou quiropráxico para dor cervical, tem o mesmo risco de desenvolverem algum tipo de lesão vascular.(1)
Ainda que o risco de lesão vascular conforme os dados analisados seja muito pequeno, o fisioterapeuta que atua com terapia manual precisa sempre informar seu paciente sobre os procedimentos realizados, as diferentes formas de tratamento disponíveis e realizar em sua consulta inicial testes físicos específicos e a coleta do histórico clínico do paciente, de forma a minimizar ao máximo o risco de qualquer efeito colateral ao tratamento.
Pensando nisso, a Federação Internacional dos Fisioterapeutas Ortopédicos Manipulativos (IFOMPT) publica desde 2008 um consenso que revisa as pesquisas de qualidade e sugere critérios a serem seguidos pelos fisioterapeutas, com o objetivo de analisar o risco X benefício das técnicas manuais na coluna cervical. Dentre alguns dos critérios sugeridos em 2014 pela IFOMPT(2) a serem avaliados, afora os testes ortopédicos convencionais e o teste de posição pré-manipulativa, sugere-se que o fisioterapeuta analise e respalde sua escolha terapêutica considerando também a clínica do paciente. Os fatores a seguir devem ser considerados como risco à terapia manual cervical: hipertensão arterial; piora progressiva da função neurológica; quadros dolorosos que não melhoram com nenhuma intervenção ou medicamento e não parecem ter mecanismo causal mecânico; trauma recente, desordens congênitas do colágeno e possibilidade de instabilidade ligamentar; exame neurológico periférico e central; e a palpação das artérias carótidas sugestiva de alteração no local.
Embora clinicamente não seja possível diferenciar com eficácia plena alterações neuromusculoesqueléticas de disfunções vasculares em fase inicial, essa abordagem permite uma avaliação mais completa do paciente e sua disfunção, bem como uma escolha terapêutica mais fundamentada e segura em seu tratamento. Dessa forma, menores serão os riscos dos já difíceis efeitos colaterais da manipulação articular na coluna cervical.
Acesse:
Dr. Diego Diehl - Núcleo Physion Porto Alegre
Fisioterapia • Acupuntura • Quiropraxia
Fisioterapeuta, CREFITO-5: 74.834-F
1- Whedon JM et al. Risk of Stroke After Chiropractic Spinal Manipulation in Medicare B Beneficiaries Aged 66 to 99 Years With Neck Pain. J Manipulative Physiol Ther . 2015;38:93-101.
2- Rushton A et al. International framework for examination of the cervi cal region for potential of Cervical Arterial Dysfunction prior to Orthopaedic Manual Therapy intervention. Man. Ther. 2014;19:222-228.